quarta-feira, 5 de novembro de 2014

QUEM CONTA UM CONTO...CONTA A CINCO MÃOS - AMOR VERDADEIRO




AMOR VERDADEIRO

Que sentimento é esse, que nos invade o coração, mesmo à nossa revelia? Que nos faz doar a própria vida pela vida de outrem e esquecer as dores, as mágoas, os sofrimentos, os sacrifícios, e, sem cansaço, ir sempre além do que imaginávamos ser capazes?
Que coisa é essa que, quanto mais doamos, com mais força e abundância brota de nós? Fonte inextinguível, plena, que não precisa de motivo para existir, tal como o amanhecer, apenas acontece... Esse é o amor, cantado pelos poetas e trovadores, desejado por todos e vivido em plenitude por poucos. Eis o verdadeiro amor!
O amor é um sentimento lindo, limpo, sem máculas de qualquer espécie. Tem a nobreza como berço. É dom e ultrapassa qualquer sentimento que a ele se contraponha. É a luz que dissipa toda treva, água que brota do fundo da alma e jorra sem fim. Sai com a força do novo e vai ganhando espaços, formando rios de vida. Amor é força que vence obstáculos, vida que vence a morte e supera a dor, a ele, se agregam todos os sentimentos do bem. Aquece, acolhe, cuida e descuida do tempo, se faz tempo e hora. Tudo que disso se distanciar pode ser qualquer sentimento, menos amor.
Muitas vezes, o confundimos com paixão, desejo, posse, mas, o verdadeiro amor é imaculado, nele não existe qualquer laivo de egoísmo. O amor verdadeiro não tem muita explicação porque é simples, fortalece-se na simplicidade do dia a dia, na interpretação dos detalhes, estes, fazem a diferença: transformam, arrebatam, encantam... Dão sentido às horas, aos anos partilhados.
Quando se ama verdadeiramente, não se espera nada em troca, dedica-se ao outro o sentimento, mesmo que este não o mereça. Referimo-nos ao amor ágape, o amor universal que não exige do outro merecimento, pois é doado por puro sentimento. Quando o amor exige contrapartida, este não é verdadeiro, pois o amor verdadeiro não compactua com o egoísmo.
O amor pode se apresentar com várias faces: paternal, maternal, filial, fraternal, romântico e o amor ágape, já citado. Na verdade, todos são a mesma coisa, pois provêm da mesma fonte. A forma de vivê-lo, de conhecê-lo e reconhecê-lo, depende do nosso momento evolutivo. Todos nós nascemos com o amor dentro de nós, Ele é a chama divina que nos assemelha ao Criador, porém, pela nossa imperfeição não o conhecemos em toda sua pureza e por isso precisamos dividi-lo em vários amores, para poder aprender a vivê-lo.
No começo, amamos com egoísmo, o ciúme, o exclusivismo, a paixão, a dependência, são formas ainda imperfeitas de viver o amor. É o amor exigente, quando necessitamos ser correspondidos para sermos felizes, quando necessitamos mais, ser amados do que amar, receber do que dar, apesar de tudo, é ele, o amor, que dá os seus primeiros passos em nossa alma.
Como é o verdadeiro amor vivido entre um homem e uma mulher? O amor romântico é verdadeiro? É possível amar para sempre? Ou esse amor é “infinito enquanto dure”, como disse o poetinha? Como reconhecê-lo?
Percebe-se o amor verdadeiro na cumplicidade, na doação da alma, nos gestos surpreendentes. Existe uma parceria que se fortifica com o tempo, é duradouro e consegue atravessar os anos fortalecendo-se na confiança, na cumplicidade, na amizade e no sexo.
Conheço casais que estão juntos e apaixonados há mais de 30 anos. Conheci um que se amava tanto e com tal intensidade, que, quando um dos parceiros morreu, o outro sobreviveu apenas por uma semana. Reciprocidade é a palavra chave para o relacionamento. O casal deseja o bem estar, o prazer e a felicidade do outro, bem como compartilha as tristezas e as dores. Os problemas existem, estes são inevitáveis porque, apesar da sintonia, as pessoas são universos diferentes, mas, são resolvidos em parceria e com diálogo, porque o respeito é primordial no amor verdadeiro.
Parece uma coisa utópica, alguns diriam: “coisa de cinema”, mas, é apenas uma relação baseada em amor e respeito, sem egoísmo ou individualismo tão característico dos dias atuais. A sintonia se torna tão perfeita que poderíamos dizer que: “é uma mesma pessoa vivendo em dois corpos diferentes”.
O amor verdadeiro dispensa explicações, pois tudo é compreendido com o olhar que ultrapassa o exterior e lê a alma do outro. É interpretado no silêncio, porque este diz mais que o verbo; é correspondido com o sorriso, porque este confessa os desejos do coração. Ignora o tempo, releva os defeitos e enaltece as virtudes.
Uma coisa é certa: amor não é aquela loucura cega que nos tira do foco e nos faz perder o rumo. Isso é paixão! Esta acaba revelando todas as nossas contradições e defeitos. Por isso, o amor também pode ser uma decisão. Escolhemos estar ao lado de alguém, para ajudar, apoiar, cuidar na segurança de um socorro. O amor é gratuito! Se não for, não pode ser amor.
E a dor? Pode existir como forma de amor? Sim! O verdadeiro amor, muitas vezes, é vivido na dor da renúncia e do silêncio. Muitas vezes esse nobre sentimento não pode ser vivido, expressado, mas, nem assim, deixa de existir. Tantas coisas podem nos separar no verdadeiro amor: a morte, a não correspondência do outro (pode-se amar sozinho), o preconceito, o tempo, a distância, as convenções sociais, compromissos anteriores com outros amores, podem impedir a vivência de um amor, mas , não é capaz de extingui-lo, ele permanecerá existindo, mesmo que se encontrem incluídos os sentimentos de mágoa, raiva e medo, esses, um dia desaparecerão sob o foco brilhante do amor. Se o sentimento morrer, é porque não era amor verdadeiro. Este é imortal, pode ficar por muitos anos quieto, guardado, velado, mas, nunca extinto, uma vez acesa a chama, é inextinguível. O que nos resta é, então, compreendê-lo e sublimá-lo, acreditando firmemente que um dia poderemos vivenciá-lo em plenitude. Amamos alguém porque, mesmo que esse alguém não possa nos fazer feliz agora, ele faz diferença em nossa vida. É uma maneira única de sentir. O amor vence a mágoa, o medo, mesmo quando as atitudes são impossíveis. Que esse amor saia de nós sem a expectativa do retorno e possamos compreendê-lo como nos ensina Jesus, sabendo amar o próximo como a nós mesmos, através da amizade, intensidade e afeição.
Todos podem amar e ser amados, lembremos, entretanto, de cuidar desse sentimento para conservá-lo na pureza, afastando-o sempre do egoísmo da posse, e aproximando-o sempre da compreensão e da caridade. Busquemos viver e experimentar o sabor desse amor, que é um sentimento e uma decisão de vida. Não podemos negar que amar nos faz bem, torna-nos pessoas melhores, nos ensina a ser pacientes, tolerantes e nos inclina ao perdão.
 Que o amor ocupe em nossas vidas o lugar de honra que merece, e seu valor infinito seja reconhecido sempre! Não banalizemos a frase: Eu te amo, que é usada para tudo, de qualquer maneira. Antes, permitamos que ela saia do íntimo da alma, que seja verdadeira em seu sentido maior. O amor sempre inaugura o novo em nós, é sabedoria de poucos. Se é amor viverá e deixará viver.
Sigamos, pois, amando nossos pais, irmãos, filhos, amigos, cônjuges. Todos os que nos completam nessa vida tão diversa! Assim, poderemos tirar o melhor desse tesouro e compreender que, amar é ter o reino dos céus brilhando dentro de nós.

“Amar não significa olhar um para o outro, mas, juntos, olhar na mesma direção.”

Antoine de Saint Exupéry

13 comentários:

  1. Parabéns. Está belíssimo e verdadeiro.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Patty Freitas obrigada!
      Volte sempre!
      Suely Sette e princesas do Castelo

      Excluir
    2. Obrigada pelo carinho, Patty Freitas!
      Visite-nos sempre!

      Excluir
  2. Maravilha! Amo esse blog!!!!! Se duas cabeças pensam melhor que uma, imaginem CINCO MÃOS escrevendo os melhores textos que você já leu na vida! Parabéns, princesas!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada Daniel Pedrosa!
      Volte sempre nobre cavalheiro!
      Abraços literários.
      Suely Sette e as princesas do castelo

      Excluir
    2. Obrigada pela gentileza, Daniel!
      Venha sempre!

      Excluir
  3. "Fonte inextinguível, plena, que não precisa de motivo para existir, tal como o amanhecer, apenas acontece..."

    "A forma de vivê-lo, de conhecê-lo e reconhecê-lo, depende do nosso momento evolutivo"

    "o respeito é primordial no amor verdadeiro."

    "O verdadeiro amor, muitas vezes, é vivido na dor da renúncia e do silêncio."

    "Que esse amor saia de nós sem a expectativa do retorno e possamos compreendê-lo como nos ensina Jesus, sabendo amar o próximo como a nós mesmos, através da amizade, intensidade e afeição."

    Princesas, gostei de tudo que li e senti , vocês estão de parabéns!
    Abraços

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada Claudiane Ferreira!
      Amamos seu comentário tão carinhoso!
      Volte sempre!
      Abraços.
      Suely Sette e princesas do Castelo

      Excluir
    2. Obrigada pelo caloroso comentário, Claudiane!
      Venha sempre! Bjs!

      Excluir
  4. Lindo texto! Cinnco princesas num castelo só pode dar nisso. Falar de amor verdadeiro com tanta verdade só é possível para quem ama verdadeiramente. Muito obrigada por divifirem conosco. Bjs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Margarida muito obrigada querida!
      Seu comentário disse tudo,o amor que temos,amizade uma pela outra, aparece no trabalho sem dúvida!
      Abraços amiga linda!
      Suely Sette e princesas do Castelo

      Excluir
    2. Obrigada por estar presente, Artes da Marga!
      Volte sempre, querida! Bjs!

      Excluir
  5. Obrigado a todos os amigos que comentaram nosso conto. Falar de amor é muito bom e todas nós somos apaixonadas pelo amor, pela poesia... fica mais leve e mais verdadeiro. Obrigado pelos gentis comentários.

    ResponderExcluir