terça-feira, 19 de julho de 2016

CORRUPÇÃO

CORRUPÇÃO, DE QUEM É A CULPA?

Corrupção, palavra que, ultimamente, anda frequente em todas as rodas de conversas, em todos os meios sociais. Todos reclamam que a corrupção está disseminada por todos os órgãos e serviços governamentais, o Brasil está mergulhado em um mar de atrocidades, onde corrupção parece ter contaminado tudo. O Congresso já nos mostrou em larga escala o que o ser humano, é capaz de fazer pela ganância e sede de poder...
Mas, onde começa a corrupção? Triste concluir que começa em casa.... Quando os pais tentam comprar a obediência dos filhos:  “ Se você se comportar direitinho Joãozinho, eu lhe compro esse presente! ” “Faça a tarefa escolar Mariazinha que mamãe lhe dá um chocolate! ” Quando os pais pagam aos filhos pequenos “favores” distorção acontece. Crescemos aprendendo que “é dando que se recebe”... Aprendemos com exemplos e a escola doméstica é a primeira que a vida nos apresenta.
Sim, a corrupção começa com a educação no lar, com os valores que aprendemos a considerar corretos, com os exemplos que recebemos dos nossos pais e damos aos nossos filhos e também recebe a influência da sociedade, principalmente da mídia.
Desde que o mundo é mundo, sempre houve aquele “jeitinho”, ou seja, troca de favores, influência, prestígios e favorecimento próprio. De algum tempo para cá, as coisas degeneraram de tal forma a ponto de fugir do controle. Lembro-me que, quando criança, os heróis que nos eram apresentados nos programas e seriados infantis eram sempre aqueles comprometidos com o bem, com o combate ao crime, com o sentimento altruísta de sacrifício em prol do outro. Havia exemplos de bom caráter, os meninos eram escoteiros, as meninas bandeirantes, aprendíamos noções de civilidade, de amor à pátria, respeito aos mais velhos, respeito aos professores e aos colegas. Ninguém achava bonito falar palavrão. Era elegante ser cavalheiro, ser gentil, ser romântico. As moças admiravam os rapazes românticos, os poetas.
No final da década de 1960, com a Guerra do Vietnam, o surgimento do movimento hippie, passou-se a contestar os valores morais. É certo que houve conquistas, no que se refere principalmente as conquistas femininas, a liberdade e igualdade sexual, ao fim de muitos comportamentos hipócritas, todavia, instituiu-se a figura do anti-herói e os valores positivos também passaram a ser contestados e negados. Herói passou a ser aquele que fosse mais esperto, que soubesse ludibriar os outros. No Brasil, essa figura foi muito bem representada pela personagem Beto Rockfeller, o anti-herói, aquele sujeito bonachão, malandro, de moral discutível e que passava a perna em todo mundo. Esse passou a ser o herói brasileiro. E, para tristeza nossa, o modelo se espalhou de tal forma que, atualmente, vivemos a maior crise moral de todos os tempos. A corrupção é uma das suas formas.
A corrupção caminha nos corredores dos hospitais, mas ignora os gemidos de dor.... Senta-se nos bancos quebrados das escolas, mas não chora a ausência do conhecimento negado.... Prova o alimento parco da mesa rústica, mas ignora o ronco do estômago mal alimentado.
Corrupção...O verme que se arrasta e se multiplica numa infinidade de pecados.
Sim. Pecados de desamor, de negligência vergonhosa, de desumanidade imensurável. Praga que se alastra e ceifa vidas, rouba sorrisos, encarcera esperança, mais do que as guerras. Bomba silenciosa, manuseada nas mesas ilustres do alto poder, contagiando o poder menor.  Veneno que entorpece os valores morais, humanos, religiosos...Veneno viciante, espalhado em doses diversas, em taças luxuosas ou xícaras simples...
Corrupção... Um mal que cega e torna insensível o coração do homem.
Um mal que seda a consciência e torna natural matar aos poucos. Um mal que blinda as portas da compaixão, da justiça, da bondade e do pudor.
A corrupção e um câncer social com metástases graves. É preciso repensar e estarmos vigilantes com nossa conduta moral e ética.
Será que nós, que reclamamos tanto da corrupção também não somos corruptos?
É preciso pensar bem antes de afirmarmos que sim.
Aquela inocente multa de trânsito que foi evitada pagando-se ao guarda, a compra de um lugar na fila, a concordância silenciosa com os desmandos das autoridades, a indiferença ante os fatos apresentados à exaustão revelando atos errados, a simples e intolerável briga entre irmãos sanada com uma boa mesada que a todos silencia, provam essa teoria.
O Congresso Nacional é o espelho do povo brasileiro. O corrupto de hoje já foi à criança de ontem embalada em berço estranho...
Queremos que nosso filhos e netos aprendam que roubar é errado, para tanto precisamos estar ao lado deles mostrando que o que fazem os ladrões do patrimônio público terá consequências...
Ao povo que paga com suor e sacrifício seus impostos, e vê todos os dias seu dinheiro ganho honestamente ser dividido com os ladrões de colarinho branco fica difícil essa explanação.
Lembremos que o Brasil somos nós, cidadãos. Enfim, a conduta social e o nosso comportamento diante dos fatos é que farão um Brasil mais justo e organizado. O povo precisa ser respeitado pelos seus governantes.
A situação atual é difícil, complicada, é todo um trabalho de reformulação de valores necessário para não naufragarmos. Mas, enquanto existir no mundo uma centelha de honestidade ainda haverá esperança e é nela que deveremos nos apegar.
Que voltemos a buscar em nossos heróis os que não olham para o próprio umbigo, mas para o bem de todos!
Texto a quatro mãos, pelas princesas do Castelo Literário Maria Luíza Faria,Cristiane Vilarinho,Suely Sette Vólia Loureiro do Amaral Lima







segunda-feira, 27 de junho de 2016

 A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Violência contra a mulher.... Um tema recorrente que ultimamente ganhou as páginas dos principais jornais do país. A violência choca pela covardia, o poder da força bruta, desconsiderando a força que se hospeda na alma feminina e o carinho com que deveriam ser tratadas todas as mulheres.
Aqui falamos da violência que marca o corpo, mas é importante refletirmos sobre a violência surda que causa a tetraplegia da alma da mulher.
Onde começa a violência feminina? Até onde vai? Que aspectos toma? Será que esta se resume apenas à violência física?
Começa na História da Humanidade, no fato de ser a mulher fisicamente mais frágil que o homem. Até o século XV a Igreja discutia se a mulher teria alma! Por séculos, mulheres foram e são silenciadas pela arrogância, prepotência, desrespeito, pelo desamor da sociedade que enterrou o feminino da alma sob a lama do machismo insensível e cruel. Machismo vestido de “senhor”, “protetor”, “dono”, quando a menina é educada para obedecer sempre, para considerar-se inferior ao homem. 
Por muito tempo a mulher foi educada a pensar que o seu papel na sociedade era de ser apenas esposa e mãe. A rainha do lar e que deveria depender do seu marido e senhor, não lhe restando alternativa que não fosse acatar todas as suas ordens e desejos. Até o sexo para ela não deveria ser prazer, mas obrigação conjugal (mulher “séria” não deveria ter orgasmo, isso era coisa de prostituta, assim eram ensinadas as nossas avós e mães).
 Com o tempo, com o advento da pílula anticoncepcional, essa visão de mulher submissa foi perdendo espaço, embora ainda encontremos mulheres nessa condição, mas a mulher de hoje luta em assumir o seu papel na sociedade, como profissional, cidadã e política.
No Brasil, até meados 1988 a mulher era considerada civilmente incapaz, não tendo CPF, não podendo assinar nenhum contrato, assumir emprego público, sem a autorização do marido. Somente com a nova Constituição a mulher adquiriu direitos plenos de cidadã.
Porém, apesar de todas as conquistas sociais, a mulher ainda é vítima da violência do homem.  Vivemos em uma cultura, cruel e dominadora, de valores e conceitos deturpados. Somos vítimas de uma sociedade mesquinha, que não reconhece as vontades próprias. Em quase todas as culturas do mundo, o sexo feminino é comparado a um objeto. Ainda hoje as mulheres são agredidas, mutiladas e mortas pela mão violenta do homem que a considera como inferior, como coisa, propriedade, como um troféu e não ser humano dotado dos mesmos direitos que ele. E o pior é que, muitas vezes, a sociedade concorda com tal fato.  Em muitos casos de violência sexual, as vítimas são vistas pela sociedade como culpadas. Quantas vezes não ouvimos a frase: “mas ela provocou!” “Se estivesse em casa tal fato não teria acontecido!”,       “ Se não tivesse tal comportamento teria evitado”. E assim a sociedade absolve o agressor e condena a vítima.
Fala-se muito da violência física, porém importa falar na violência psicológica, moral, financeira que sofremos: a cantada grosseira e barata com que muitas vezes recebemos de forma desrespeitosa nas ruas, a agressão psicológica que vem através das palavras ásperas e duras, das ameaças recebidas dos maridos, namorados, companheiros, que veem a mulher como propriedade destes; a discriminação salarial, quando exercendo no trabalho uma mesma função, normalmente a mulher ganha 1/3 do que o seu colega masculino.
O silêncio é também violência. O silêncio gelado, protegido por olhares que chicoteiam, o silêncio amparado pelos lábios indiferentes, que assiste às torturas e julga que aquilo faz parte de outra cultura, de outro modo de viver. Quantas mulheres não têm vivido sob o jugo do silêncio! Quantas mulheres são desprotegidas, expulsas dos vagões dos sentimentos, dos afetos, do carinho e do respeito a que têm direito?! Ainda hoje presenciamos atos abomináveis e a sociedade se emudece, não grita como deveria fazer; não levanta a voz nos tribunais como deveria ser feito. Não ampara e nem protege. É fundamental reconhecer que a pior violência é se calar diante desse comportamento doentio e opressor. Vivemos no século XXI, caracterizado pela democracia, pela igualdade de direitos. Porém a violência contra a mulher ainda é tolerada!
Assim, assusta-nos a ainda mais a ignorância que permanece no ar, mesmo sabendo que a informação que se encontra ao alcance de todos, mesmo considerando o avanço tecnológico e as incríveis descobertas da Ciência, mesmo diante dos avanços sociais, ainda seguimos como no passado, a lei do mais forte imperando. Os coronéis que viam em suas mulheres a progenitora, a santa, que de tão santa era abusada, dominada, silenciada pelo medo, que ainda reina em muitos lares, em muitas sociedades nos dias atuais.
As mulheres são a vida, somos as geradoras da vida, amamos os homens, nossos maridos, filhos, irmãos, amigos, companheiros de jornada evolutiva. Tudo o que queremos é a igualdade de direitos, é um olhar mais carinhoso, é que a nossa fragilidade física seja vista, não como uma desvantagem, um ponto de inferioridade, mas como um encanto, algo que deve ser amado e respeitado. Pedimos carinho e respeito e que se preserve o nosso direito à vida, à individualidade. O nosso direito de cidadã, tão inteligente e produtiva quanto o homem, de ir e vir, de se portar e vestir como nos aprouver, de sermos respeitadas e que sejamos compreendidas e amadas. Porque, sinceramente, homens, sem nós, vocês não existiriam!
Texto a quatro mãos pelas Princesas do Castelo Literário – Cristiane Vilarinho, Maria Luíza Faria, Suely Sette e Vólia Loureiro.