ENVELHECER... UMA
QUESTÃO DE CÉLULAS OU DE SONHOS?
Um dia, você se olha no espelho e
descobre que o seu cabelo está perdendo a cor, há rugas em seu rosto, seus
olhos não possuem mais o brilho de outrora, sua pele perdeu o tônus e a
elasticidade e você não tem mais a disposição e mobilidade física de antes.
Percebemos, entre estarrecidos e atônitos, que a menina, o jovem de ontem não
está mais ali. Deparamo-nos com uma figura estranha, a princípio. Só então nos
damos conta que o tempo passou sem avisar.
Um dia, você descobre que a
maioria dos seus amigos está barrigudo, calvo e grisalho e suas amigas são
senhoras e avós, que usam óculos e se reúnem para falar do passado. Descobre
também, que não tem mais a companhia dos seus pais, tios, avós e mesmo de alguns
amigos, pois estes já morreram.
Um dia você descobre que já não
faz parte do mercado de trabalho ativo, e que certas novidades tecnológicas são
complicadas demais para sua cabeça. Um dia, você percebe que envelheceu...
A velhice sempre foi um dos
maiores medos do ser humano. A velhice é
um fantasma que tortura a maioria de
nós. Mas, não tem jeito! Todos nós envelheceremos. O dístico popular é bem
certo: “Quem não quiser ficar velho, que morra cedo!” E ninguém quer morrer
cedo, então, aceitemos que envelhecer é uma contingência natural da vida.
Nascemos, vivemos e voltamos à
velha infância, porém a velhice é um fato que, estranhamente, atormenta a
maioria de nós. Seja rico ou pobre, envelhecer incomoda as pessoas. Afeta a
vaidade, mexe com o ego.
A visão que a maioria de nós tem
da velhice é como sendo algo negativo, melancólico e desesperançoso. Sempre se
associa o envelhecimento à solidão, à doença, à tristeza e à morte. Porém, o
fato não deve ser visto pela ótica do negativo. Se é algo inevitável, pois ou
morremos ou envelhecemos, por que não concentrarmos no que o amadurecimento
pode nos trazer de melhor, de mais positivo? Importa aqui, aceitarmos com
positividade essa etapa tão linda, embora limitada, muitas vezes por problemas
de saúde, ou pela solidão que é implacável nessa fase da vida. Por que não
começar fixando-nos na idéia de que estamos nos tornando melhores? Que os anos
estão simplesmente aperfeiçoando o nosso conteúdo e que a bagagem, agora, é
mais selecionada? Podemos encontrar beleza na velhice, toda idade tem a sua beleza e seu encanto,
não será diferente na velhice.
O envelhecimento nos dá o
privilégio de podermos escolher sem tanta culpa, ou culpa nenhuma.
Proporciona-nos a sabedoria de podermos decidir entre o que vale a pena e o que
pode ser descartado tranquilamente. Se o cabelo já não tem tanto brilho, as
idéias podem ter. Se há marcas de expressão ou rugas mais profundas, há, em
compensação, mais segurança, mais sensatez, mais doçura também. Se a vitalidade
diminui, aumenta o prazer da quietude, do sossego e do exercício de maior
cumplicidade.
A nossa existência pode ser
comparada às quatro estações do ano, cada uma com a sua utilidade e beleza. Na
infância, temos a inocência, a alegria, o eterno descobrir, seria a primavera
da vida, o eterno florescer. A mocidade é a fase da impulsão, das conquistas,
das construções profissionais, de relacionamentos, formação da família, seria o
verão da nossa existência. A madureza é a fase da prosperidade, da colheita dos
frutos plantados, ainda há o viço do corpo, porém, já existe um quê de
maturidade, ao invés de impulsão, de paixão, existe a tranqüilidade do saborear
a qualidade, esse é o outono da existência. E chega a velhice, o inverno, que
não precisa ser visto como algo frio e lúgubre, mas como a fase da fecundidade
da alma, o tempo da contemplação, da reflexão, da espiritualização, o anoitecer
da existência. A noite, porém, é bela, tem as estrelas e o luar, que suaviza as
cores fortes do dia, que traz a paz, e nos prepara para um novo despertar. A
velhice é bela, faz parte da vida, sobretudo quando aceitamos essa metamorfose
como sendo necessária. O tempo traz sabedoria e só podemos compreender isto,
olhando para trás. Então, entenderemos que a velhice é uma dádiva.
O fato de envelhecer não significa
que perdemos o direito às alegrias e aos prazeres da vida. É claro que tudo
dentro dos limites de cada idade, mas a velhice não é empecilho para coisa
nenhuma. Podemos e devemos amar, ser criativos, dinâmicos e felizes. O
envelhecimento do corpo é um processo natural, é uma questão celular, todavia a
alma, o espírito, pode e deve continuar jovem, conservando a sua essência, sua
ternura, jovialidade, sem excessos, sem desatinos. A alma só envelhece quando desistimos de
viver.
Algumas pessoas negam a velhice e
buscando permanecer eternamente no viço da juventude gastam fortunas com
cirurgias plásticas e tratamentos cosméticos que, em excesso, deformam e tiram
a beleza, algumas procuram conservar comportamentos imaturos, como se isso lhes
impedisse de envelhecer, entretanto a velhice é algo inexorável. Nada contra
cuidarmos da nossa aparência, um retoque aqui e ali, para se manter uma
aparência mais bela, porém, sem excessos, respeitando o bom senso e a Natureza.
Outras pessoas, ao contrário, entendem a velhice como sendo o fim da vida e
passam a viver do passado, reclamando do presente, tornando-se introspectivas,
amargas, sempre a dizer: No meu tempo não era assim... Às vezes, a forma como
tratamos os idosos, os levam a ficar assim, amargos, como se já tivessem mortos
em vida. Precisamos olhar com mais carinho para os idosos em nossa volta. Um
dia, foram eles que conduziram os nossos passos primeiros, cuidando de nós numa
entrega de amor total. Lembremos que amanhã estaremos trilhando o mesmo caminho
que eles trilham hoje. Merecem, pois, respeito e dignidade.
Paremos de reclamar, aceitemos o
envelhecimento como algo natural e belo. Ser velho não significa ser decrépito.
Depende de nós envelhecermos e continuarmos jovens em espírito. Mudemos o
caminho, busquemos coisas novas para a vida, reinventemo-nos, vivamos felizes e
com esperança e plenitude, lembrando que sempre é tempo de aprender e de amar.
“Se o tempo envelhecer o seu
corpo, mas não envelhecer a sua emoção, você será sempre feliz.” Augusto Cury
Texto a cinco mãos pelas
escritoras: Cristiane Vilarinho, Maria Luíza Faria, Nell Morato, Suely Sette e
Vólia Loureiro.
ESSE TEXTO MEXEU MUITO COMIGO, ESTOU AOS PRANTOS. ENVELHECER... QUANDO SOMOS JOVENS NÃO PENSAMOS NISSO, E A CADA DIA QUE PASSA FICAMOS MAIS VELHOS E NÃO NOS DAMOS CONTA. E DE REPENTE TUDO MUDA, MAS CREIO QUE PIOR QUE ENCARAR O NOSSO ENVELHECIMENTO É VER O ENVELHECIMENTO DE QUEM AMAMOS, AINDA MAIS QUANDO ESSE ENVELHECER VEM COM ALGUMA DOENÇA, BELÍSSIMO TEXTO PRINCESAS, MAIS UMA VEZ, PARABÉNS!!
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ExcluirSandra Rebelo , obrigada pelo carinho sempre presente querida.Já é há muito parte desse castelo!
ExcluirDisse muito bem , fica difícil ver quem amamos, ir aos poucos perdendo a força, vitalidade e memória.Mas temos o conforto de sabermos que cuidaremos bem de nossos amados e que quando for a nossa hora ,seremos também cuidados. Lido com isso de perto amiga num trabalho que faço.Vejo que não basta envelhecer, é preciso prepararmos o terreno desse envelhecimento.Abraços cinco de uma vez minha linda amiga!
Suely Sette e demais Princesas do Castelo.
Texto lindo, princesas!! Parabéns pela ternura que colocaram nas linhas, pelo carinho em cada parágrafo! Lindo, meninas!!!! Bjs!!
ResponderExcluirDe uma coisa tenho certeza: É tão rico o envelhecer!
ResponderExcluirObrigada pela visita e comentário Maurício de Souza Lino!
ExcluirEstou muito pensativa...não tinha me dado conta que o meu outono havia chegado ,mas com certeza o havia sentido...olhar-me no espelho significa olhar meu corpo...minhas rugas...minhas limitações...o famoso não...a negação do que vejo ,porém ao mesmo tempo vem um sim...a beleza do amadurecimento...as decisões a serem tomadas e as que já foram...porque para mim a vida é feita de decisões que tomamos ...todos os instantes...desde a hora que acordamos até a hora que dormimos...então, nesse momento da vida...e que momento mais lindo...essas mesmas decisões são as nossas convicções...o termos a certeza...e ponto final...isso é maravilhoso...direcionamos essa mesma vida para sermos felizes...que felicidade me invade agora...
ResponderExcluirEsse texto é a cinco mãos em uma única voz...um uníssono perfeito...que sintonia ,meninas...MUITO OBRIGADA...esse grupo é encantador !
Boa tarde!
ResponderExcluirEm nome do Tubo de Ensaio, venho informá-las de que deixámos um presente para este blog aqui:
http://tubodeensaio-laboratorio.blogspot.pt/p/premios-e-distincoes.html
Um abraço!