ABORTO UMA QUESTÃO DE PRATICIDADE OU DE AMOR?
Um assunto muito sério a questão
do aborto... Divide opiniões prós e contras, e cada um dos lados tem as suas
razões plausíveis. Como chegar a um denominador comum? Talvez isso não seja possível.
Esse assunto chegou ao Castelo Literário, e, por ser polêmico, dividiu
opiniões. As princesas resolveram, mais uma vez, reunirem-se no salão secreto
para debaterem sobre o assunto. E, dessa vez, a conversa não foi das mais
fáceis, porque, entre as próprias princesas, as opiniões divergiram.
A primeira a se manifestar foi a
princesa Suely Sette, com o seu jeito maternal foi logo se posicionando
dizendo:
- De início, deixo clara minha
posição radicalmente contra o aborto. Acho que não temos o direito de destruir
o que não sabemos criar... Seja de bebês anencéfalos ou frutos de violências,
eles são bebês e não têm culpa da insanidade dos pais...
A princesa Maria Luíza Faria
reiterou com a sua maneira tímida e suave de falar:
- A questão do aborto é delicada,
mas, concordo com a princesa Suely: Sou contra o aborto. Antes de considerar os
valores morais e religiosos, considero o direito de viver. Direito que pertence
a todos. Para mim, quem estabelece nosso tempo de vida é Deus, somente Ele.
A princesa Nell Morato resolveu
também dar a sua opinião. Com seu jeito direto, sem “papas na língua”, foi logo
disparando:
- Pois eu sou a favor do aborto!
E vou dizer porque. Esse assunto é bastante polêmico e as pessoas que são
contra, lutam fervorosamente, para que não seja legalizado em nosso país.
Os dados estatísticos estão aí
para mostrar a quantidade de mulheres que
morrem no ato de um aborto clandestino e são chamadas de criminosas. Já não temos cadeias para armazenar os
assaltantes, estupradores e assassinos, imagine então, se prenderem as mulheres
que abortam... Elas são consideradas criminosas porque realizaram um ato contra
o próprio corpo? É contraditório e nada civilizado.
Ah, a princesa Suely ficou
vermelha e seus lindos olhos azuis faiscaram e falou muito emocionada:
- Atropelar uma vida tão frágil
em seu berço mais divino é assassinato!
Correu aos seus aposentos e voltou de lá com uma carta na mão. Era uma
carta da Madre Tereza de Calcutá, que trata sobre o aborto, pedindo permissão
para lê-la.
Emocionada começou lendo em voz
alta:
- Eu sinto que o grande
destruidor da paz hoje é o aborto, porque é uma guerra contra a criança, uma
matança direta de crianças inocentes, assassinadas pela própria mãe. E se nós
aceitarmos que uma mãe pode matar até mesmo seu próprio filho, como é nós
podemos dizer às outras pessoas para não se matarem? Como é que nós persuadimos
uma mulher a não fazer o aborto? Como sempre, nós devemos persuadi-la com amor
e nós devemos nos lembrar que amor significa estar disposto a doar-se até que
machuque. Jesus deu Sua vida por amor.
A princesa Cristiane Vilarinho,
já estava em lágrimas, com seu jeito doce e sensível , obtemperou:
- Primeiramente falar de aborto
me deixa triste. Pelo fato de sempre
querer ser mãe, a palavra “aborto” me assusta. Felizmente o povo brasileiro, em
sua grande maioria, vem lutando contra essa minoria que tem se manifestado a
favor da legalização do aborto. Eu sou terminantemente contra esse ato
desprezível, irresponsável e inconsequente. Abortar é ceifar a vida daquele ser
que é indesejado, é tirar a vida e a oportunidade de um ser que não tem o
direito de se defender. E nenhum de nós tem esse direito.
A princesa Nell retrucou,
defendendo a sua posição:
- Vejam bem: Quando eu era
adolescente, meus amigos, também adolescentes, já sabiam qual o “medicamento”
que deveriam comprar para que a namorada tomasse, caso a menstruação ficasse
atrasada. E era ensinado pelo próprio pai, para que o filho não se “metesse” em
encrencas.
A princesa Luíza voltou à carga:
- Defendo a política de maior prevenção contra a gravidez, principalmente entre
adolescentes. É constatado que 60% das gravidezes em adolescentes terminam em
aborto. É muito triste. Por mais
aliviada que ela se sinta por não ter que interromper seus planos, culpa
ansiedade e depressão, poderão acompanhá-la pelo resto da vida. Acredito que
isto ocorra com quase todas as mulheres que praticam o aborto... Porque se
trata de tirar a vida de outro ser que nem oportunidade de lutar contra tem.
A princesa Nell insistiu em sua posição:
- Não mudou muito, temos vários
métodos contraceptivos e o mais importante deles, a camisinha e, mesmo assim,
jovens engravidam. Não é só a gravidez, mas o risco de sérias doenças, HPV,
Aids, entre outras.
A princesa Maria Luíza insistiu:
- Para mim, a vida é um milagre
divino. Cabe unicamente a Deus, concedê-la e tomá-la.
E a princesa Cristiane Vilarinho
corroborou:
- Há poucos meses , um noticiário
de TV, mostrou uma jovem de 24 anos que morreu ao praticar um aborto. Vocês sabem quanto custa um aborto? Hum...
Posso garantir que não é nada barato. Então não seria mais sensato se prevenir
ao invés de interromper o nascimento de um ser indefeso com a própria vida?
Afinal, qualquer pessoa de maior idade pode ter acesso aos postos de saúde e adquirir
gratuitamente os anticoncepcionais.
A princesa Suely disse
enfaticamente, sacudindo as folhas de papel da carta:
- A ideia do aborto é
inconcebível , e, para mim, indiscutível... Fere e muito também a mãe que nunca
se conforma e vive atormentada... E falou: “ Deixo-vos essa carta, sem mais
nada dizer...”
A princesa Nell insistiu em seu
posicionamento:
- Eu sou a favor de que o aborto
seja legalizado no país, para evitar a morte de milhares de mulheres jovens.
Nada vai mudar com relação ao uso de contraceptivos, vão continuar abortando de
forma clandestina. Nem a Aids, que há alguns anos assustou o mundo inteiro foi
suficiente para fazer, com que casais priorizassem o uso da camisinha, evitando
assim, também uma gravidez indesejada.
- E digo mais! O Brasil é um país laico na teoria, de
influência cristã católica e a maioria substituiu as Leis, o Código Civil,
penal, constituição pela Bíblia. Isto é,
igual aos países islâmicos, que abandonam as leis jurídicas para aplicar a
Sharia, ou seja, o Alcorão é o parâmetro para as leis.
Estando calada e acompanhando com
atenção toda celeuma, a princesa Vólia Loureiro resolveu, por fim, dar a sua
opinião:
- Sou radicalmente contra o
aborto, em qualquer situação. Mesmo que a mulher tenha sido violentada, mesmo
que o bebê seja um anencéfalo. O único motivo pelo qual seria justificável
seria para poupar a vida da mãe.
Sem querer levar o assunto para o
campo da religião, observando a questão pelo lado científico e jurídico, tenho
os seguintes argumentos que reforçam a minha opinião:
·
O primeiro direito constitucional do ser humano
é o direito à vida. E a vida começa na concepção. Qualquer livro de Embriologia
confirma isso. Há pessoas que defendem que o feto só deva ser considerado um
indivíduo quando passa a demonstrar reações às sensações, isto é, quando o
Sistema Nervoso se forma e o feto passa a responder aos estímulos. Esse modo de
pensar é errado, pois já se comprova que , mesmo em embriões muito jovens, com
poucos dias de vida, no instante do abortamento pela sonda que despedaça o seu
corpinho, o embrião procura se defender, tentando fugir e se desviar da sonda,
demonstrando assim o seu desejo de viver e o instinto de conservação. Como não
respeitar essa vida? A vida deve ser protegida desde o seu início até o seu
fim. Esse é um direito constitucional.
·
Outra razão utilizada para os defensores do
aborto é o direito da mulher sobre o seu próprio corpo. Realmente a mulher tem
direito sobre seu corpo. Tem o direito de ir e vir, direito sobre quando deve
ou não fazer sexo e com quem fazer, porém, a vida que se gera em seu ventre não
lhe pertence. Ali se encontra um indivíduo que tem as suas características
próprias, os seus direitos devem ser
protegidos. Se a mãe tiver direito sobre a vida de seus filhos, poderia então,
lhe ser permitido cometer o infanticídio quando esta não mais desejasse cuidar
deles? Ora, que diferença existe entre uma criança já parida e outra que se prepara
para nascer?
·
Defendem ainda os que são a favor da liberação
do aborto, que muitas mulheres morrem vítima de abortos clandestinos, e que
seria mais humano se permitir que a prática do aborto fosse realizada nos
hospitais, com segurança e higiene. Dizem que o aborto é uma questão de saúde
pública.
Então, eu
indago: Um erro justifica outro? Será que é matando crianças que se vai
resolver o problema de saúde pública? E com o nosso sistema de saúde atual,
como podemos acreditar que as mulheres, que, geralmente, são pobres, teriam o
atendimento necessário? Não é essa a realidade da saúde do nosso país...
Acredito que o
aborto não é uma questão de saúde pública, mas uma questão de educação.
Uma boa educação
escolar e doméstica, um serviço social fundamentado na promoção do indivíduo e
não o paternalismo barato com que se busca calar a voz do povo com esmolas. Um
serviço de saúde mais presente na comunidade, como ginecologistas, sexólogos,
psicólogos que pudessem orientar os jovens e também os adultos na questão da gravidez e das DSTs. Seriam
ações corretas a serem tomadas.
Com relação à
criminalização do aborto haveria de se punir não a jovem mãe, desorientada,
que, muitas vezes, é vítima da falta de educação, miséria, desinformação e que,
sem pensar, comete tal crime, mas que respondessem pelo crime o farmacêutico
que forneceu o medicamento abortivo, o profissional de saúde que praticou o
crime.
Por que se
utilizar da maneira mais simples e cruel, através do descarte de um ser humano
indefeso? Por que tentar resolver um mal com outro ainda maior? Esta é a minha
posição, disse a Princesa Vólia.
Um silêncio se
seguiu, e a noite já caía, quando as princesas, pensativas, ficaram a refletir
sobre tudo o que se havia falado.
E você? Poderia
nos dar a sua opinião sobre esse assunto tão polêmico? É contra ou a favor do
aborto?
(Texto a cinco
mãos das escritoras Cristiane Vilarinho, Maria Luíza Faria, Nell Morato, Suely
Sette e Vólia Loureiro)
Ser contra ou a favor do aborto? Quem poderá se manifestar a respeito com plena convicção de causa? Qual será aquele que empunhará o argumento definitivo que ponha em pratos limpos essa questão perturbadora à nossa consciência? Haverá entre nós quem assuma uma postura definitiva, favorável ou não, acerca da questão e que seja isenta de uma dúvida razoável? Ainda mais, existirá por acaso um indivíduo que se arvore detentor do conhecimento maior que o habilite a assumir um posicionamento calçado no pleno convencimento de suas conclusões ? Se olharmos pelo lado da religiosidade concluiremos que a medida se reveste de uma profunda violência contra a vida, mesmo que uterina, mas se analisarmos a questão através do lado prático das coisas, acharemos que o "recurso" do aborto atenderia as conveniências da mulher a partir do momento em que se tornasse um empecilho o nascimento de uma criança. Quem vai atirar a primeira pedra?
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