segunda-feira, 30 de março de 2015

QUEM CONTA UM CONTO...CONTA A CINCO MÃOS - ABORTO



ABORTO UMA QUESTÃO DE PRATICIDADE OU DE AMOR?

Um assunto muito sério a questão do aborto... Divide opiniões prós e contras, e cada um dos lados tem as suas razões plausíveis. Como chegar a um denominador comum? Talvez isso não seja possível. Esse assunto chegou ao Castelo Literário, e, por ser polêmico, dividiu opiniões. As princesas resolveram, mais uma vez, reunirem-se no salão secreto para debaterem sobre o assunto. E, dessa vez, a conversa não foi das mais fáceis, porque, entre as próprias princesas, as opiniões divergiram.
A primeira a se manifestar foi a princesa Suely Sette, com o seu jeito maternal foi logo se posicionando dizendo:
- De início, deixo clara minha posição radicalmente contra o aborto. Acho que não temos o direito de destruir o que não sabemos criar... Seja de bebês anencéfalos ou frutos de violências, eles são bebês e não têm culpa da insanidade dos pais...
A princesa Maria Luíza Faria reiterou com a sua maneira tímida e suave de falar:
- A questão do aborto é delicada, mas, concordo com a princesa Suely: Sou contra o aborto. Antes de considerar os valores morais e religiosos, considero o direito de viver. Direito que pertence a todos. Para mim, quem estabelece nosso tempo de vida é Deus, somente Ele.
A princesa Nell Morato resolveu também dar a sua opinião. Com seu jeito direto, sem “papas na língua”, foi logo disparando:
- Pois eu sou a favor do aborto! E vou dizer porque. Esse assunto é bastante polêmico e as pessoas que são contra, lutam fervorosamente, para que não seja legalizado em nosso país.
Os dados estatísticos estão aí para mostrar a quantidade de mulheres                que morrem no ato de um aborto clandestino e são chamadas de criminosas.  Já não temos cadeias para armazenar os assaltantes, estupradores e assassinos, imagine então, se prenderem as mulheres que abortam... Elas são consideradas criminosas porque realizaram um ato contra o próprio corpo? É contraditório e nada civilizado.
Ah, a princesa Suely ficou vermelha e seus lindos olhos azuis faiscaram e falou muito emocionada:
- Atropelar uma vida tão frágil em seu berço mais divino é assassinato!
 Correu aos seus aposentos  e voltou de lá com uma carta na mão. Era uma carta da Madre Tereza de Calcutá, que trata sobre o aborto, pedindo permissão para lê-la.
Emocionada começou lendo em voz alta:
- Eu sinto que o grande destruidor da paz hoje é o aborto, porque é uma guerra contra a criança, uma matança direta de crianças inocentes, assassinadas pela própria mãe. E se nós aceitarmos que uma mãe pode matar até mesmo seu próprio filho, como é nós podemos dizer às outras pessoas para não se matarem? Como é que nós persuadimos uma mulher a não fazer o aborto? Como sempre, nós devemos persuadi-la com amor e nós devemos nos lembrar que amor significa estar disposto a doar-se até que machuque. Jesus deu Sua vida por amor.
A princesa Cristiane Vilarinho, já estava em lágrimas, com seu jeito doce e sensível , obtemperou:
- Primeiramente falar de aborto me deixa triste. Pelo  fato de sempre querer ser mãe, a palavra “aborto” me assusta. Felizmente o povo brasileiro, em sua grande maioria, vem lutando contra essa minoria que tem se manifestado a favor da legalização do aborto. Eu sou terminantemente contra esse ato desprezível, irresponsável e inconsequente. Abortar é ceifar a vida daquele ser que é indesejado, é tirar a vida e a oportunidade de um ser que não tem o direito de se defender. E nenhum de nós tem esse direito.
A princesa Nell retrucou, defendendo a sua posição:
- Vejam bem: Quando eu era adolescente, meus amigos, também adolescentes, já sabiam qual o “medicamento” que deveriam comprar para que a namorada tomasse, caso a menstruação ficasse atrasada. E era ensinado pelo próprio pai, para que o filho não se “metesse” em encrencas.
A princesa Luíza voltou à carga:
- Defendo a política  de maior prevenção  contra a gravidez, principalmente entre adolescentes. É constatado que 60% das gravidezes em adolescentes terminam em aborto. É muito triste. Por  mais aliviada que ela se sinta por não ter que interromper seus planos, culpa ansiedade e depressão, poderão acompanhá-la pelo resto da vida. Acredito que isto ocorra com quase todas as mulheres que praticam o aborto... Porque se trata de tirar a vida de outro ser que nem oportunidade de lutar contra tem.
A princesa Nell  insistiu em sua posição:
- Não mudou muito, temos vários métodos contraceptivos e o mais importante deles, a camisinha e, mesmo assim, jovens engravidam. Não é só a gravidez, mas o risco de sérias doenças, HPV, Aids, entre outras.
A princesa Maria Luíza insistiu:
- Para mim, a vida é um milagre divino. Cabe unicamente a Deus, concedê-la e tomá-la.
E a princesa Cristiane Vilarinho corroborou:
- Há poucos meses , um noticiário de TV, mostrou uma jovem de 24 anos que morreu ao praticar um aborto.  Vocês sabem quanto custa um aborto? Hum... Posso garantir que não é nada barato. Então não seria mais sensato se prevenir ao invés de interromper o nascimento de um ser indefeso com a própria vida? Afinal, qualquer pessoa de maior idade pode ter acesso aos postos de saúde e adquirir gratuitamente os anticoncepcionais.
A princesa Suely disse enfaticamente, sacudindo as folhas de papel da carta:
- A ideia do aborto é inconcebível , e, para mim, indiscutível... Fere e muito também a mãe que nunca se conforma e vive atormentada... E falou: “ Deixo-vos essa carta, sem mais nada dizer...”
A princesa Nell insistiu em seu posicionamento:
- Eu sou a favor de que o aborto seja legalizado no país, para evitar a morte de milhares de mulheres jovens. Nada vai mudar com relação ao uso de contraceptivos, vão continuar abortando de forma clandestina. Nem a Aids, que há alguns anos assustou o mundo inteiro foi suficiente para fazer, com que casais priorizassem o uso da camisinha, evitando assim, também uma gravidez indesejada.
- E digo mais! O Brasil é um país laico na teoria, de influência cristã católica e a maioria substituiu as Leis, o Código Civil, penal, constituição pela Bíblia.  Isto é, igual aos países islâmicos, que abandonam as leis jurídicas para aplicar a Sharia, ou seja, o Alcorão é o parâmetro para as leis.
Estando calada e acompanhando com atenção toda celeuma, a princesa Vólia Loureiro resolveu, por fim, dar a sua opinião:
- Sou radicalmente contra o aborto, em qualquer situação. Mesmo que a mulher tenha sido violentada, mesmo que o bebê seja um anencéfalo. O único motivo pelo qual seria justificável seria para poupar a vida da mãe.
Sem querer levar o assunto para o campo da religião, observando a questão pelo lado científico e jurídico, tenho os seguintes argumentos que reforçam a minha opinião:
·         O primeiro direito constitucional do ser humano é o direito à vida. E a vida começa na concepção. Qualquer livro de Embriologia confirma isso. Há pessoas que defendem que o feto só deva ser considerado um indivíduo quando passa a demonstrar reações às sensações, isto é, quando o Sistema Nervoso se forma e o feto passa a responder aos estímulos. Esse modo de pensar é errado, pois já se comprova que , mesmo em embriões muito jovens, com poucos dias de vida, no instante do abortamento pela sonda que despedaça o seu corpinho, o embrião procura se defender, tentando fugir e se desviar da sonda, demonstrando assim o seu desejo de viver e o instinto de conservação. Como não respeitar essa vida? A vida deve ser protegida desde o seu início até o seu fim. Esse é um direito constitucional.
·         Outra razão utilizada para os defensores do aborto é o direito da mulher sobre o seu próprio corpo. Realmente a mulher tem direito sobre seu corpo. Tem o direito de ir e vir, direito sobre quando deve ou não fazer sexo e com quem fazer, porém, a vida que se gera em seu ventre não lhe pertence. Ali se encontra um indivíduo que tem as suas características próprias, os seus direitos  devem ser protegidos. Se a mãe tiver direito sobre a vida de seus filhos, poderia então, lhe ser permitido cometer o infanticídio quando esta não mais desejasse cuidar deles? Ora, que diferença existe entre uma criança já parida e outra que se prepara para nascer?
·         Defendem ainda os que são a favor da liberação do aborto, que muitas mulheres morrem vítima de abortos clandestinos, e que seria mais humano se permitir que a prática do aborto fosse realizada nos hospitais, com segurança e higiene. Dizem que o aborto é uma questão de saúde pública.
Então, eu indago: Um erro justifica outro? Será que é matando crianças que se vai resolver o problema de saúde pública? E com o nosso sistema de saúde atual, como podemos acreditar que as mulheres, que, geralmente, são pobres, teriam o atendimento necessário? Não é essa a realidade da saúde do nosso país...
Acredito que o aborto não é uma questão de saúde pública, mas uma questão de educação.
Uma boa educação escolar e doméstica, um serviço social fundamentado na promoção do indivíduo e não o paternalismo barato com que se busca calar a voz do povo com esmolas. Um serviço de saúde mais presente na comunidade, como ginecologistas, sexólogos, psicólogos que pudessem orientar os jovens e também os adultos  na questão da gravidez e das DSTs. Seriam ações corretas a serem tomadas.

Com relação à criminalização do aborto haveria de se punir não a jovem mãe, desorientada, que, muitas vezes, é vítima da falta de educação, miséria, desinformação e que, sem pensar, comete tal crime, mas que respondessem pelo crime o farmacêutico que forneceu o medicamento abortivo, o profissional de saúde que praticou o crime.
Por que se utilizar da maneira mais simples e cruel, através do descarte de um ser humano indefeso? Por que tentar resolver um mal com outro ainda maior? Esta é a minha posição, disse a Princesa Vólia.

Um silêncio se seguiu, e a noite já caía, quando as princesas, pensativas, ficaram a refletir sobre tudo o que se havia falado.

E você? Poderia nos dar a sua opinião sobre esse assunto tão polêmico? É contra ou a favor do aborto?

(Texto a cinco mãos das escritoras Cristiane Vilarinho, Maria Luíza Faria, Nell Morato, Suely Sette e Vólia Loureiro)




Um comentário:

  1. Ser contra ou a favor do aborto? Quem poderá se manifestar a respeito com plena convicção de causa? Qual será aquele que empunhará o argumento definitivo que ponha em pratos limpos essa questão perturbadora à nossa consciência? Haverá entre nós quem assuma uma postura definitiva, favorável ou não, acerca da questão e que seja isenta de uma dúvida razoável? Ainda mais, existirá por acaso um indivíduo que se arvore detentor do conhecimento maior que o habilite a assumir um posicionamento calçado no pleno convencimento de suas conclusões ? Se olharmos pelo lado da religiosidade concluiremos que a medida se reveste de uma profunda violência contra a vida, mesmo que uterina, mas se analisarmos a questão através do lado prático das coisas, acharemos que o "recurso" do aborto atenderia as conveniências da mulher a partir do momento em que se tornasse um empecilho o nascimento de uma criança. Quem vai atirar a primeira pedra?

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