sexta-feira, 20 de março de 2015

QUEM CONTA UM CONTO...CONTA A CINCO MÃOS - HOMOSSEXUALIDADE



 HOMOSSEXUALIDADE

 Essa semana, na estreia da nova novela do horário nobre de conhecida emissora de TV, um fato  gerou discussões e chamou a atenção de muitas pessoas:  Um beijo entre duas mulheres. A novela mostra o relacionamento homo afetivo de duas mulheres já idosas, papéis exercidos pelas grandes atrizes: Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg.
 Hoje, queremos falar sobre a homossexualidade.
Homossexualidade é a condição em que a orientação sexual da pessoa é voltada a sentir afeto e desejo sexual por pessoas do mesmo sexo. Esta existe desde que o homem está sobre a face da Terra. É uma variante natural da sexualidade, pois está presente não apenas no gênero humano, mas também na grande maioria das espécies animais, como já comprova a Ciência.
Com relação a ser considerada normal isso já é outra coisa, a palavra normal, vem de norma, regra. As normas e regras são criadas pela sociedade, pela cultura de um povo. A prática homossexual era considerada normal na Antiguidade, no Japão dos samurais, na Índia, na Grécia, nas civilizações indígenas brasileiras e muitas outras, até mesmo na atualidade, entendem o homossexual e o transexual como indivíduos normais.
A visão de pecado da prática homossexual é de origem judaica e se estendeu pelo mundo com a cultura judaico-cristã. A homossexualidade passou a ser vista como pecado e punida com a castração e até mesmo com a morte. Surge daí o preconceito contra essa forma de manifestação da sexualidade.
Leis, religiões, culturas, pré-determinam que deveria ser “normal” apenas o relacionamento entre um homem e uma mulher... Porém, se somos donos, possuidores de nossos corpos, de nossa liberdade e é um instinto biológico, porque a atração sexual é um ato biológico, não adianta querer ou não querer. Não podemos escolher por quem vamos nos apaixonar, nos sentir atraídos. É preciso então viver e deixar viver.
Até onde vai o nosso preconceito? O Brasil, infelizmente, encontra-se no primeiro lugar no ranking da homofobia. Segundo pesquisas, o Brasil ocupa o vergonhoso 1º lugar no ranking mundial da violência contra homossexuais, sendo seis vezes mais violento que o 2º e 3º lugares, México e Estados Unidos , respectivamente. (Homofobia e Direitos Humanos: www.ggb.org.br) Em nosso país, um gay, uma lésbica ou um transexual é barbaramente assassinado a cada dois dias, vítimas da homofobia. Perguntamos: Por que o comportamento homossexual incomoda tanto àqueles que se dizem heterossexuais? Diz a Psicologia que aquilo que nos incomoda no outro, trazemos dentro de nós, de forma secreta e até mesmo inconsciente.
A homofobia leva à criação de mitos injustificáveis, tais como: Todo homossexual é promíscuo, tarado, pedófilo, destruidor de lares, etc. Obviamente que todos esses mitos são injustificáveis. Não é a orientação sexual de um indivíduo que lhe define o caráter. Da mesma forma que existe o Heterossexual honesto e o viciado, assim acontece com o homossexual.
Por muito tempo a homossexualidade foi vista como doença pela Ciência e terríveis tratamentos eram impostos, com o objetivo de se encontrar a “cura gay”: Choques elétricos, injeções com doses cavalares de hormônios, hipnose, lobotomia, banhos gelados. E tudo sem resultado...
O preconceito contra o homossexual é tão grande, que começa por ele mesmo, pela não aceitação da sua condição. O índice de suicídio entre os homossexuais é muito alto.
O beijo é uma das mais queridas manifestações de amor e afeto entre pessoas. Mas, por que é visto como algo pecaminoso, se esse beijo for trocado por pessoas de mesmo sexo, que mantêm uma relação homo afetiva, tal como ocorreu na cena da novela, diante de milhares de telespectadores? Se for uma demonstração de carinho, por que deve ser escondido?
Declarar-se sem preconceitos contra a homossexualidade é muito fácil. Pregar indignação perante as atitudes alheias preconceituosas também é bonito. Mas, quando a realidade se apresenta dentro da sua casa? Como aceitar o fato quando ocorre dentro do seu lar, sua família, um irmão, irmã, filho, filha, pai, mãe, sobrinho, cônjuge? Que postura teríamos? Respeitar fora de casa é uma coisa, ter de compreender, conviver com o fato em nosso ninho, mudaria a nossa atitude?
A TV, o cinema, os livros, fazem parecer tudo muito fácil, bonito e glamoroso, mas a realidade não se mostra da mesma maneira. Há sempre um choque, um conflito, há uma rejeição natural do ser humano àquilo que não nos parece ser normal. E isso é ainda por conta do preconceito que temos arraigado em nós. Há uma dificuldade em acolher o diferente.
A angústia maior, para muitas famílias, talvez esteja no fato de saber que a sociedade, por mais que pregue o contrário, é também hipócrita e discrimina sem piedade. Isso é doloroso e machuca muito.
Se temos alguém querido que se revele homossexual: um filho, filha, pai, mãe, irmão, etc. Não  devemos e nem podemos desprezá-lo. Ele continua sendo nosso ente querido, nada muda. Muitos pais expulsam seus filhos de casa por conta do preconceito. Muitos filhos somem da vida de seus pais porque não são aceitos pela sua sexualidade. Onde fica o amor em tudo isso? Como podemos desprezar um ente querido por conta de algo tão particular em sua vida? Muitos pais tentam “curar” os seus filhos por vergonha, por medo do sofrimento que terão de enfrentar na sociedade, mas isso não leva a nenhum resultado, apenas faz aumentar o sofrimento daquele que já sofre por sentir-se diferente. O que podemos e devemos fazer é aceitar o homossexual, e nos aceitar se somos homossexuais. E, na condição de pais, orientar o jovem, seja ele homo ou heterossexual, a ter respeito e responsabilidade diante da prática do sexo.
Se orientação sexual fosse opção, ninguém optaria por ter um gosto que o expusesse ao preconceito social. Para muitos homossexuais a aceitação dessa realidade é extremamente sofrida, conflituosa e negada por muito tempo. Ninguém tem o direito de julgar o outro por conta da sua orientação sexual.  Ninguém deixa de ser pior, ou melhor, por conta da sua orientação sexual. Aliás, classificar as pessoas por conta das suas preferências sexuais já é um preconceito. Termos como heterossexual, homossexual, bissexual, transexual, gay, lésbica, travesti, não deveriam ser aceitos para marcar as pessoas. Pessoas são pessoas, nada mais, e a orientação sexual é fato que só diz respeito a cada um.
Respeitar as diferenças é obrigação moral de cada um. Todo tipo de preconceito é abominável, quem dera que o mundinho preconceituoso de alguns ignorantes pudesse se abrir à luz da verdade única do amor universal...
O coração não conhece fronteiras, nem distâncias. O amor ignora o gênero sexual, é apenas amor. Que importa se esse amor nasce entre pessoas de sexo diferente, ou do mesmo sexo! Será que se for entre pessoas do mesmo sexo será menos importante? Menos amor? Menos gratificante? O afeto, o carinho, a cumplicidade da alma, do coração é vergonhoso, pecaminoso, só porque foge aos padrões da dita “normalidade”? Dois seres humanos são piores ou melhores apenas por escolherem como objeto de seu afeto uma pessoa do mesmo sexo? Isso não muda nada.  Isso não faz ninguém ser menor, porque o amor engrandece as pessoas. O amor verdadeiro faz o ser crescer espiritualmente. Não importa a forma como se apresente.
Como é possível que um beijo, que é sinal de ternura, só pelo fato de ter sido dado por duas mulheres, na cena da novela, ter chocado mais, algumas pessoas, do que a cena em que um filho mata o próprio pai, movido pela ganância do dinheiro e do poder? Que mundo é esse em que vivemos?
Relacionamento amoroso entre pessoas do mesmo sexo. Não se trata apenas de sensualidade, é mais profundo, falamos de amor. Duas mulheres apaixonadas ou dois homens apaixonados um pelo outro... É amor... É romântico, envolve o corpo e a alma.
É importante que aprendamos a desenvolver em nós o sentimento de alteridade e que compreendamos que, cada pessoa tem o direito de assumir a sua sexualidade de forma livre, que o respeito às diferenças deve ser considerado e que o importante na vida é que as pessoas tenham o pleno direito de amar e serem amados, não importa a forma, a cor, o jeito desse amor.
(Texto a cinco mãos pelas escritoras: Cristiane Vilarinho, Maria Luíza Faria, Nell Morato, Suely Sette e Vólia Loureiro)


11 comentários:

  1. Só digo uma coisa! A gente não vê casais hétero, se beijando assim! O quanto ficar comentando e dando valor a isto, é o que a mídia quer. Infelizmente já estamos convivendo com isto e faz tempo. Eu tenho muito amigos gays, que eles não vive se beijando, nem afrontando a sociedade com este tipo de atitude. Desde criança que sempre vi homens com homens, como mulheres com outras, eu mesma tive um noivo que me deixou faltando uma semana antes do casamento, para assumir um romance com um homem. Eu não tenho preconceito! Mas temos que respeitar ás pessoas mais velhas que não aceita isto de jeito nenhum!!! são direitos deles, são princípios. Da mesma forma que eles querem ser respeitados, uma pessoa idosa que não está acostumado se choca. E aí! Vai matar essas pessoas? porque elas não estão acostumado com esta nova família que está entrando no seio da sociedade! Tem que pensar nisto, não é porque o casamento gay foi permitindo que vamos escancarar e querer ditar regras para ás pessoas que tem suas religiões, princípios, essa nova geração que vem aí absorve com mais leveza, esta geração antiga temos que ser respeitada e defendida, elas tem os mesmo direitos que todos.

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    1. Vai estudar! Preconceito é falta de conhecimento.

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  2. Vejam bem! Não tenho preconceito com isto, mesmo porque são vidas alheias, e elas gostam de viver assim, respeito, admiro a coragem de cada um, mesmo porque não me interessa, mas a globo faz questão de disseminar isto, infelizmente.

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  3. Parabéns por sua crônica, você mencionou bem... eles mesmo são preconceituosos, é como os negros que tem preconceitos com eles mesmo e se distingue dizendo: somos raça negra. Para mim só existe uma raça. A humana, não tem essa de ser negro ou branco, somos iguais e não tem pra onde querer mudar. Vejo sim muito preconceito de negros com brancos.

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    1. Adriana, o objetivo da crônica não é discutir o beijo, porque a discrição e o respeito é dever de todos, independente da orientação sexual. Embora se fosse um casal heterossexual ninguém acharia escandaloso. A imagem é discreta e nada tem de chocante. O objetivo no entanto é falar do preconceito e lembrar que o amor deve ser respeitado. Obrigada por dar a sua opinião.

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  4. Adriana, obrigada pela leitura e comentário. Nossa intenção ao ressaltarmos o beijo, foi salientar a importância que as pessoas (preconceituosamente) deram a uma manifestação de afeto, muito maior do que a um ato de violência que fere muito mais aos nossos valores morais e humanos. Um beijo entre homossexuais deveria ser mais chocante do que um filho matar um pai? Ainda que inconcebível por muitos da forma como foi apresentado na tv, é um ato de carinho, enquanto um assassinato é pura violência. Bjs!

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  5. Muito bom texto, leva-nos a detalhes muito importantes sobre a sociedade atual, onde não existe o respeito, e sim a hipocrisia que fala mais alto. Parabéns amigas princesas!

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    1. Bravo amigo! Concordo com você.. Muitos também usam mascaras para julgar e condenar.
      Obrigada, Thiago!

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  6. Cada um escolhe o que quer de melhor para sua vida. Se é dessa forma que se sente feliz... Homossexualismo, não é algo que pode ser adquirido, porque não é doença. Ninguém optaria por ter um gosto que o expunha ao preconceito social. A pessoa não escolhe ser gay, lésbica. Isso vem da essência da pessoa, que poderá descobrir cedo ou tarde. Até mesmo pelos valores que a sociedade impõe.... Ninguém deixa de ser melhor ou pior por sua opção sexual. Homossexualidade, orientação sexual, não designa caráter, são absolutamente diferentes. Eu não discrimino ninguém :) todos tem seu valor <3

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  7. Obrigada Thiago França Bento!
    Falta de caráter é sim um assunto que deveria ser debatido .
    Banalizam a vida e já soa normal...Incoerência.
    Vamos respeitar a vida que é linda e merece se vivida em plenitude!

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  8. Aqui em Maricá, não temos sinal da Globo comum, apenas quem tem parabólica. Meu sinal é de TV a cabo. Pegam todos os canais do sistema Globo, menos ela própria. Ou seja: VIVA, GNT, MULTISHOW, etc. Mas, sabia que haveria o beijo pela Internet e jornal o GLOBO. Então, como tenho pessoas maravilhosas que são amigas e homossexuais, e o melhor amigo da minha filha é gay, posso dizer que o preconceito é uma mancha da sociedade. Não tolero nenhum tipo. Detesto rótulos. Amor é amor e pronto! Sou hetero, mas se fosse lésbica, nunca admitiria que me discriminassem por esse motivo. A maior afronta vem dos ditos religiosos... Deus ama a todos. Quem escreve livros de religião é o homem, e ali coloca o que quer. Sou espiritualista, e na minha fé, todos somos iguais, aceitamos cada um como é. Amar ao próximo como a ti mesmo. ESSE É O MAIOR MANDAMENTO! Beijos.

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