PERDÃO... A QUEM BENEFICIA?
Perdoar e desculpar têm o mesmo
significado no dicionário. Mas sentimos e agimos de maneira diferente, as
palavras têm pesos diferentes.
Desculpar, usada para as pequenas faltas, como um esbarrão em alguém,
furar uma fila, interromper a conversa com outras pessoas, enfim, pequenas
faltas acidentais. E sempre desculpamos, normalmente com um sorriso. Como o
peso da falta é leve ou acidental, dificilmente se guardam mágoas ou rancores.
E tudo fica resolvido. Perdoar tem um peso maior, porque remete a erros mais
graves, que implicam dores e sofrimentos.
A palavra perdoar significa doar
mais, doar além, e é isso que o perdão significa: conseguirmos ir além do nosso
orgulho e egoísmo, e amar. O perdão é um exercício de amor, ao próximo e a si
mesmo também, porque quando nos livramos do remorso, estamos praticando o auto
perdão.
Perdoar é o modo mais sublime de
um ser humano crescer. Pedir perdão é o modo mais nobre de se reconhecer o
erro. Somos humanos, limitados e sujeitos a erros sempre. Quando erramos,
devemos ter a humildade de reconhecer o erro e a nobreza de pedirmos perdão,
porém, perdoar não é algo fácil, dependendo da falta, diríamos que, às vezes, o
perdão pode parecer impossível!
Muita gente pensa que perdoar é
esquecer, nunca mais lembrar, fazer de conta que não aconteceu, mas isso não é
verdade, pois, a menos que sofrêssemos de amnésia, os fatos que nos marcam a
existência, felizes ou infelizes, nunca serão esquecidos. Para muitos, perdoar
se limita a nunca mais querer ver alguém que lhe magoou ou não mais querer
ouvir falar de determinado assunto, todavia, a mágoa permanece... E haverá
sempre um impeditivo para que a paz possa reinar no coração. Na verdade, o
perdão só acontece, quando conseguirmos ver a pessoa que nos ofendeu, conseguirmos
nos lembrar da situação que nos causou dor e este fato não mais nos malsinar,
não causa mais nenhum desconforto, quando isso acontece, é porque conseguimos
perdoar de fato.
Outro fator importante a
considerar é que o perdão deve ser incondicional, grandioso, porque se o fizermos
impondo condições, não é verdadeiro. Perdoar, portanto não depende dos fatos,
e, sim, da nossa intenção.
Perdoar e pedir perdão, ambas
situações são exercícios de humildade. Quem de nós nunca errou? Quem de nós
nunca precisou perdoar? Devemos aprender a pedir perdão, mesmo sabendo que
possa ser tarde demais, mesmo que corramos o risco de ouvir do outro a negação
para o nosso pedido. Aí o problema já não será mais nosso, porque fizemos a
nossa parte, demos o primeiro passo, nos liberamos da energia negativa do
remorso. Mesmo que a dor da negação do perdão permaneça, pois, normalmente,
magoamos àqueles a quem amamos. Porém, é importante dar o primeiro passo, abrir
a porta do coração ao amor redimido. O resto fica por conta do tempo.
O perdão, é bom que se esclareça,
também não é uma palavra mágica, não basta dizer: perdoo e tudo fica bem. O
perdão é, antes de tudo, um exercício. É um processo, onde devemos trabalhar o
nosso coração com as tintas da humildade e amor, para conseguir êxito.
Perdoar, dependendo da falta, é
muito difícil, pois precisamos vencer o orgulho e a vaidade. Precisamos, antes
de tudo, pensar no outro, não só na atitude. Só é possível perdoar
verdadeiramente, se a importância que o outro tem para nós vem em primeiro
lugar. Quando somos nós os feridos,
quando a decepção ainda dói na nossa alma, fica difícil e quase impossível, se
falar de perdão. A mágoa cega os olhos da alma, alfinetando nosso ego,
minando-nos as forças.
Com o tempo, e os acontecimentos
que na vida surpreendem sempre, se nos propusermos a perdoar, aos poucos esse
sentimento vai ganhando força e passamos a ver com mais clareza o efeito
benéfico do perdão.
Uma coisa importante que
deveríamos pensar é que a falta de perdão, a mágoa, o ódio que guardamos da
pessoa que nos feriu, prejudica, primeiramente, a nós mesmos. Manter esse
sentimento na alma é como guardar lixo no bolso. A alma precisa de leveza para
prosseguir, e a mágoa e o ódio são fardos pesados demais que acabam por adoecer
o corpo físico, feito para amar e ser amado. Então, perdoar é, na verdade, um
benefício em causa própria. Faz bem a alma, faz bem a saúde e a beleza.
Algumas atitudes das pessoas fogem
ao nosso entendimento, a nossa compreensão, e o nosso primeiro impulso é
condenar. No entanto, se há um amor maior, ele nos leva ao perdão, não
importando se esse alguém é muito próximo, se é distante ou mesmo alguém que
nem conhecemos e também não importando qual grave e doloroso tenha sido o mal
que nos causou. O caminho que nos leva a alcançar a sabedoria desse amor que
nos leva ao perdão é, muitas vezes, espinhoso e solitário. O perdão é a grande demonstração de amor ao
próximo.
Encontramos exemplos grandiosos
de atitudes de perdão para nos espelhar:
O Papa João Paulo perdoou Ali Agca,
o seu quase assassino e ajudou-o a se regenerar, Mohandas Gandhi abençoou
aquele que lhe desferiu o tiro mortal.
Jesus, ainda no infamante
madeiro, sob os estertores da morte, voltou os olhos ao Pai Celestial, rogando
perdão para a Humanidade, pois não sabíamos o que fazíamos! Eis a máxima
grandeza do perdão!
“O perdão é, em qualquer tempo,
sempre um traço de luz conduzindo a nossa vida à comunhão com Jesus."
(Meimei)
Perdoar é lindamente humano para quem consegue fazê-lo e relaxante para quem consegue pedí-lo. Já perdoei e já fui perdoada. Confesso que é muito mais difícil pedí-lo. A sensação é de ficar com a alma literalmente lavada. Parabéns pelo texto lindo!
ResponderExcluirUm belo trabalho das princesas. Sucesso garotas.
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