INFÂNCIA...
TEMPO DE SONHO
Tempos mágicos de sonho e
alegria, a infância é a mais encantadora e completa fase da vida. Tempos em que
somos livres e podemos ser o que somos, sem precisar de máscaras. Tempo em que
o céu não é o nosso limite, pois podemos ir além, pelo sonho. É assim que
deveria ser a infância para todos.
Alguns cheiros, sons,
sabores, nos remetem à infância... Cheiro de terra molhada lembra o andar
descalço na enxurrada, sentindo qualquer insatisfação sendo levada embora,
banho de alma, andar na chuva... Cheiro de inocência. Cheiro das manhãs de
primavera, mil perfumes misturados pela brisa fresca... Cheira a tranquilidade.
Perfume de café torrado, de quitutes e quitandas lembram sorrisos de mães,
tias, avós, juntas, amassando, sovando, modelando as massas que se
multiplicavam nos fornos e fogões, e eram sempre sinais de alegria e prazeres,
união e cumplicidade, respeito e valores cultivados... Cheiros de pureza e
simplicidade nos altares das igrejas, fé e devoção sagrados. Infância, para
alguns, tem, em lembranças tantas, o sabor das delícias de um bolo de fubá,
feito com amor pela vovó. Flores nos jardins exalavam a gentileza de uma muda;
verduras e frutas nos quintais, cheiravam a generosidade, do agrado, do abraço,
da amizade, do agradecimento... Lençóis limpos cheiram a sono sem preocupações,
povoados por sonhos inocentes, ungidos por bênçãos de boa noite e de bom dia. O
som do realejo, dos gritos de alegria, das cantigas de roda, as canções de
ninar... Cheiros e sons que nos levam à infância mais pura, onde havia
liberdade de ser, de dividir, de dar e receber afeto.
Tempo em que tudo parece
perfeito! Ser criança, ter inocência, tempo de saudades, onde não havia maldade
em nada, onde a grande preocupação era saber se os amigos poderiam sair para
brincar! A infância é o amor que desconhece a falsidade!
Quem nunca brincou com uma
caixa de papelão como um mundo alternativo? Voando em sua nave espacial,
fazendo uma casinha para bonecas, prancha para escorregar na grama? Quem nunca
brincou de pique-esconde, carrinho de rolimã, salada mista, jogo de dominó,
queimado, campeonato de cuspe, arroto à distância e amarelinha? Quem não o fez,
não sabe o que perdeu...
Quem nunca imaginou que a
Lua era um grande queijo suíço? Que o barulho do trovão era causado por São
Pedro arrastando os móveis do céu, porque estavam fazendo uma faxina lá em
cima? Quem nunca sonhou em encontrar uma lâmpada mágica e, ao esfregá-la,
encontraria um gênio? Ou que se cavasse um buraco bem fundo chegaria no Japão?
Quem não imaginava que no século XXI os carros voariam como no desenho The
Jetsons? Acreditávamos em sacis, em fadas, em bruxas, em Papai Noel... Tínhamos
medo do monstro que morava dentro do armário ou que se escondia debaixo da
cama! Medo de fantasmas!
Era assim a infância há
algum tempo atrás, quando, livres de ódios ou preconceitos, brincávamos com a
nossa bola de meia, com o cavalinho de pau, as bonecas de pano, acreditávamos
em fadas e tínhamos amigos imaginários. Não havia a necessidade de se comprar
tudo, havia mais doação, partilha solidariedade.
A vida mudou. O mundo mudou,
mas, alheia aos perigos que a cerca, brinca, ainda, a criança. Inserida em uma
realidade diversa da de antigamente, onde as bonecas e bolas de meia foram
substituídas por brinquedos eletrônicos, celulares, tablets, presa dentro dos
apartamentos, mas ainda assim, criança.
Um adulto equilibrado, quase
sempre, nos diz que a sua infância foi feliz. Foi amado educado por seus pais,
que não mediram esforços para estarem sempre presentes em todos os momentos do
seu desenvolvimento. Foi criado com liberdade, com diálogo, respeitando a
Natureza e todos os seres vivos. A criança absorve os ensinamentos e os
exemplos que tem em sua família. Infelizmente não é assim para muitas pessoas.
Há aqueles para os quais a infância é lembrada como uma época de abandono, de
sofrimento e medo. Há crianças que são abusadas, maltratadas. Há crianças que
não têm direito à infância e passam o resto de suas vidas como pessoas
incompletas, infelizes.
A infância deve ser
protegida, pois é uma fase importantíssima para o desenvolvimento do ser. Toda
criança deve ter o direito de brincar, de sonhar, de se expressar. A inocência
e a ingenuidade pedem abrigo nos olhos de uma criança. Os pais hodiernos lançaram
as suas ansiedades e ambições sobre os filhos e as crianças perderam o direito
de serem crianças e vivem tão cheias de compromissos ( balé, escola de
línguas, escola de arte, etc.), que não sobra tempo para brincar livremente,
para sonhar.
Outro problema que se
observa na atualidade é a sexualização cada vez mais precoce das crianças. Hoje
em dia crianças com doze anos iniciam a sua vida sexual, sem nenhuma informação
a respeito da responsabilidade, dos riscos. Isso é consequência da mídia que
traz o sexo para os brinquedos (basta reparar no físico das Barbies), nos
jogos, nos programas de TV, comerciais, desenhos, é principalmente consequência
da transferência de papel de educação dos pais para os professores. Os pais
devem compreender que não são meros provedores, mas responsáveis pela saúde
física, moral e mental de seus filhos. Não devemos pular etapas, tudo tem seu
tempo certo de acontecer, tudo precisa acontecer naturalmente, com a criança se
adaptando às mudanças. Em todos os casos o diálogo é uma ferramenta importante,
pois ela precisa saber como é e o porquê de tudo o que acontece em sua
vida. Deve crescer livre dos rótulos,
dos preconceitos e do medo (característica dos adultos). Não basta dizer: “não
é coisa de criança”, em se tratando da vida dela, é coisa de criança sim! É
preciso diálogo e informação.
Não podemos negligenciar o
futuro que, se bem idealizado, fará da criança de hoje o bom cidadão do amanhã.
A ciranda da vida não para de girar, e os nossos pequeninos, aos poucos,
alçarão voos, que podem ou não, ter rota segura.
Infância é viver o lúdico,
ser livre, andar sem receio pelo mundo tão repleto de pegadas cruéis. A
infância precisa ser educada, protegida, resgatada, para que tenhamos adultos
completos, felizes e realizados. Cuidar e proteger a criança é a nossa
obrigação!
“Quem vê, serena,
À beira de uma estrada
A árvore frondosa.
Não imagina o quanto
De Sol, de chuva , de seiva bruta
Foi necessário para realizar
O milagre da natureza.
Quem vê parada,
À porta de uma escola
Uma criança,
Não imagina o quanto
De amor, carinho e paciência
É necessário para fazer dela
Um homem ou uma mulher
De verdade.”
(Célia
Passos)
Maravilhoso...
ResponderExcluirObrigada amigo poeta João Paulo Brasileiro!
ExcluirAbraços literários
Princesas do Castelo!