quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

QUEM CONTA UM CONTO...CONTA A CINCO MÃOS - CIÚMES, O AMOR DOENTE



CIÚMES, O AMOR DOENTE

Quem nunca teve? É amor? Talvez... Diríamos ser um amor doente. Em pequenas doses, em algumas situações, todos nós sentimos, afinal o amor pode gerar certa insegurança. Ciúme por bobagens? Desnecessário? Pode ser... Podemos dizer que existe dois tipos de ciúmes: o bom e o mau. O que difere o bom do mau ciúme é a extensão que ele toma. O primeiro pode até apimentar a relação, ciúme em dose de cuidado é bom. Mas, quando a pessoa tem o mau ciúme, o vento vira tempestade em pouco tempo. É incontrolável, e a pessoa ciumenta não consegue ser diferente, porque é como se perdesse a identidade. Tenta, muitas vezes, agir com a calma e a tranquilidade dos que contornam a situação com diplomacia, mas, infelizmente, isso quase nunca adianta, pois quando a avalanche vem o estrago é maior. Tudo o que ficou reprimido é expulso de uma só vez, e fere mais, machuca o outro mais ainda. Quando perdemos o controle o ciúme passa a controlar nossas vidas, vira doença mórbida, que vê fantasmas, vê conflito onde deveria existir paz, desconfia de tudo e sufoca a pessoa que é alvo dessa patologia que carece de tratamento.

O ciumento mórbido é alguém inseguro, possessivo e egoísta. Quer conservar a pessoa vítima de sua doença preso a si, sem lhe dar direito de viver, de construir o que quer que seja fora do universo que ele controla; infelicita-se com a alegria e o sucesso do outro, quando não está inserido no contexto. Sufoca, destrói e mata. Todos os dias, vemos os desatinos do ciúme preenchendo as páginas dos jornais sensacionalistas.

Ciúme denota falta de reconhecimento de seu próprio valor, o que leva a entender que uma pessoa ciumenta é demasiadamente insegura, possui falta de autoconfiança e a errônea ideia de pertença da vida do outro, abrindo um caminho a situações que causam dor e sofrimento. É a coisificação do ser humano...

Quem ama verdadeiramente, liberta, fica feliz com a felicidade do ser amado, tem segurança e confiança no sentimento que os une. Uma coisa é cuidarmos do nosso amor, que precisa ser regado de carinho, afeto e gentileza todos os dias; outra coisa completamente diferente é a ideia de que o nosso amor é objeto de uso pessoal. O ciúme, longe de garantir a sobrevivência do relacionamento, sufoca-o e acaba com ele. É a dose errada de bem querer, que, como remédio, precisa ser servido em doses homeopáticas... Dose de cuidado, cuidar bem do nosso amor, não implica em fazer dele um objeto de uso pessoal. Isso é falta de respeito e de valorização da vida.

O que fazer, então? Dizermos: “sou assim e quem quiser que me aceite?” Isto pode não dar certo, pois corremos o risco de, a pessoa que amamos simplesmente dê meia volta e procure outro espaço. Se percebermos que o nosso ciúme está tomando proporções doentias, que busquemos tratamento, pois a raiz dessa patologia pode estar arraigada em fatos ocorridos na infância.

Que saibamos amar com delicadeza e confiança! Que aprendamos a amar libertando, deixando que aquele que nos ame, possa partir quando quiser e tenha a opção de seguir em frente ou voltar, pois amor só vale a pena quando existe partilha e cumplicidade. Quando existe a boa saudade e o desejo de permanecer junto por simples prazer da companhia e nunca por obrigação.

Cativar não é criar nós, algemar, prender em gaiolas. É, sim, criar laços de amor e carinho, é libertar e nunca ser gaiola, mas sempre ser ninho.

“Por que cultivas
As sem perfume
E agressivas
Flores do ciúme?”
Carlos Drummond de Andrade.




Texto a cinco mãos pelas Princesas do Castelo – Cristiane Vilarinho, Maria Luíza Faria, Nell Morato, Suely Sette e Vólia Loureiro

7 comentários:

  1. Parabéns, Princesas! Outra vez colocando tão bem as ideias! Crônica linda!!!

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  2. Parabéns todas pelo empenho e carinho aqui somados!
    Lindo texto!
    Beijos princesas!

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  3. Altezas! O amor arde como ciúmes! Parabéns pelo post.

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  4. MUITO BOM !! MARAVILHOSO!!!
    PARABÉNS PRINCESAS!!
    VALE A PENA ESPERAR UMA SEMANA PARA
    LER A CRÔNICA ESCRITA A CINCO MÃOS, POIS
    TEMOS SEMPRE UM BELÍSSIMO TEXTO

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  5. Texto espetacular e muito bem detalhado, as princesas arrasando, parabéns a todas e um grande abraço!

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  6. Ciúmes só tem quem ama? Pelo menos assim me foi ensinado. Mas será que isso é um fato que não pode ser questionado? Ou seria apenas uma insegurança de quem não conhece o sentimento que tem em si albergado?

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