terça-feira, 16 de dezembro de 2014

NAS DOBRAS DO TEMPO




Conto os pedaços do tempo,
Nas contas de um rosário,
Nos relógios que me falam
Num tiquetaquear arrastado,
De uma saudade longínqua,
Que se perdeu no passado.

Olho as areias da ampulheta,
Que escorrem por um vidro baço,
E o tempo se divide em grãos,
Arrastando-se em longas horas,
Que maltratam o coração.

Às vezes corre tão depressa,
Quando desejo que pare,
Nos doces momentos de enlevo,
Nos instantes de puro sonho,
Penso que o tempo zomba do poeta,
E gosta de sempre vê-lo tristonho.

Ah, tempo! Tempo...
Se pudesse eu te dominar,
Se pudesse encontrar a tua chave,
E te apressar ou estacionar...

Haveria noites mais longas,
Nos dias de poesia,
Ou passariam em um segundo,
Os momentos de agonia.

Ah, tempo! Tempo...
Se pudesse te aprisionar,
Senhora de ti
Eu seria,
E a saudade não existiria.

As noites de solidão,
Teriam duração do segundo,
E os momentos de amor,
Contaríamos em evos,
Como na criação do Mundo.

Ah, tempo! Tempo...
Pudesse eu te dominar,
As distâncias encurtariam,
Teríamos longas primaveras,
A mocidade se prolongaria,
Até perto da eternidade.

Ah, tempo! Tempo...
Pudesse eu contigo conversar,
Rogaria ao teu coração baixinho:
- Amigo tempo,
Quando o meu amor estiver comigo,
Descansa um pouco.
Dorme ao som da poesia,
E passa mais devagarinho.


Vólia Loureiro do Amaral Lima

( Todos os direitos reservados)

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