SOLIDÃO
Nenhum homem é uma ilha.
Precisamos da companhia de outras pessoas para que possamos evoluir, é no trato
social que trocamos conhecimentos, experiências, emoções e, assim, evolvemos.
No entanto, mesmo estando
cercados por uma multidão, podemos nos sentir sozinhos. E, por outro lado,
mesmo estando em um deserto, podemos nos sentir plenificados e felizes. Então o
que é a solidão? Segundo o dicionário, solidão significa “estado de quem está
só, ausência de relações sociais, isolamento”.
A solidão não é necessariamente a
falta de alguém. É, antes, a falta de presença interior, aquela completude que
dá sentido à alma. É mais um estado d’alma, uma insatisfação íntima que traz a
ideia de desamparo, de desamor e desimportância. É como se ninguém se
interessasse por nós, se não tivéssemos com quem dividir as nossas emoções e
pensamentos. E isso acontece, mesmo quando estamos cercados por uma multidão.
A solidão, às vezes, é muito
sutil, dá uma fisgada de leve em certos momentos da vida. Algumas pessoas
driblam o “estar só” muito bem, sem “sentir-se só”, sabem conviver consigo
mesmas sem sentirem falta da companhia de outras, aprenderam a gostar de si e
se bastam. Todavia, é preciso cuidado para que a autossuficiência não leve ao
egoísmo. Outras, já não conseguem desfazer-se do vazio que incomoda tanto. E
aquela sensação desconfortável de solidão, não explicada, persiste, causando
dor e tristeza.
Existe a solidão causada por um
rompimento, que coloca em luto o coração, mas, esta solidão, com o tempo e boa
vontade, pode ser sanada. A solidão verdadeira mora em um coração fechado,
preenchido de vazio. Dói, machuca e faz questão de ser lembrada como uma visita
incômoda, que muitas pessoas carregam vida afora, sem vontade de mudar, ela se
fortifica e domina.
Solidão é a incompletude da alma.
Algumas pessoas vivem sozinhas, mas não são solitárias, outras, entretanto,
cercadas de pessoas padecem de solidão. A própria personalidade, ou o caminho
que se quer seguir, se for controverso ao da nossa família ou ao nosso círculo
social, nos deixará isolados. Isso vai nos afastando do convívio social, da
família e até dos amigos. A sociedade pede, exige que se viva conforme as
regras determinadas e se não concordamos, somos isolados. Somos considerados
diferentes da maioria. Os rótulos estão aí
à nossa vista.
Que sensação é essa? Que falta é
essa, que, às vezes, não sabemos de onde vem? Será que é a falta de momentos
que não vivemos ainda? Ou a incompletude da vida que temos vivido? Lamentamos
as possibilidades perdidas, aqueles sonhos e projetos que não chegaram nem a
virar rascunho, nem de longe foram tentados. Ou é a solidão por não ter
encontrado aquilo que nos completa, mas que nem sabemos direito o que é.
Solidão traz pensamentos antigos, lembranças guardadas, vontades
incompreendidas, desejos que não sabemos como verbalizar.
Ela existe e nos cutuca. Não
podemos permitir que se instale, faça morada, tome gosto pelos nossos dias, nem
nos acompanhe nos momentos ímpares.
Estar só é muitas vezes necessário, proveitoso e importante. Mas,
sentir-se só, deve ser apenas pelo tempo necessário para nos recompormos, para
colocarmos as coisas no lugar.
Quem quer viver a solidão? É
claro que não desejamos isso para as nossas vidas. Então, é hora de lutarmos,
viver e defender bravamente o nosso direito de sermos felizes. Não deixemos,
portanto, a solidão nos maltratar. É claro que desejamos o melhor para as
nossas vidas. Afastemos, então, toda angústia do peito e vamos nos dar uma
chance, recomeçando a vida e transformando a solidão em amor.
O importante é que escolhamos o
caminho do meio, isto é, apreciemos a companhia dos outros, pois as trocas são
benéficas, mas, também, apreciemos a nossa própria companhia, porque há
momentos em que, ficarmos a sós com a nossa alma, é benéfico, conduz ao
autoconhecimento.
Portanto, saibamos nos doar e
também nos preservar, pois a nossa felicidade depende unicamente de nós mesmos.
“Quem não sabe povoar sua
solidão, também não saberá ficar sozinho em meio a uma multidão.”
Charles Baudelaire
(Texto a cinco mãos, pelas
escritoras Cristiane Vilarinho, Maria Luíza Faria, Nell Morato, Suely Sette e
Vólia Loureiro.)
Parabéns, princesas! Linda reflexão sobre um sentimento que afeta cada vez mais as pessoas! Bjs!
ResponderExcluirÓtimo texto como sempre. Solidão é a causa de muitos males do corpo e da alma.
ResponderExcluirParabéns princesas.
Patty Freitas