CORRUPÇÃO, DE QUEM É
A CULPA?
Corrupção, palavra que,
ultimamente, anda frequente em todas as rodas de conversas, em todos os meios
sociais. Todos reclamam que a corrupção está disseminada por todos os órgãos e
serviços governamentais, o Brasil está mergulhado em um mar de atrocidades,
onde corrupção parece ter contaminado tudo. O Congresso já nos mostrou em larga
escala o que o ser humano, é capaz de fazer pela ganância e sede de poder...
Mas, onde começa a corrupção? Triste
concluir que começa em casa.... Quando os pais tentam comprar a obediência dos
filhos: “ Se você se comportar
direitinho Joãozinho, eu lhe compro esse presente! ” “Faça a tarefa escolar
Mariazinha que mamãe lhe dá um chocolate! ” Quando os pais pagam aos filhos
pequenos “favores” distorção acontece. Crescemos aprendendo que “é dando que se
recebe”... Aprendemos com exemplos e a escola doméstica é a primeira que a vida
nos apresenta.
Sim, a corrupção começa com a
educação no lar, com os valores que aprendemos a considerar corretos, com os
exemplos que recebemos dos nossos pais e damos aos nossos filhos e também
recebe a influência da sociedade, principalmente da mídia.
Desde que o mundo é mundo, sempre houve aquele
“jeitinho”, ou seja, troca de favores, influência, prestígios e favorecimento
próprio. De algum tempo para cá, as coisas degeneraram de tal forma a
ponto de fugir do controle. Lembro-me que, quando criança, os heróis que
nos eram apresentados nos programas e seriados infantis eram sempre aqueles
comprometidos com o bem, com o combate ao crime, com o sentimento altruísta de
sacrifício em prol do outro. Havia exemplos de bom caráter, os meninos eram
escoteiros, as meninas bandeirantes, aprendíamos noções de civilidade, de amor
à pátria, respeito aos mais velhos, respeito aos professores e aos colegas.
Ninguém achava bonito falar palavrão. Era elegante ser cavalheiro, ser gentil,
ser romântico. As moças admiravam os rapazes românticos, os poetas.
No final da década de 1960, com a
Guerra do Vietnam, o surgimento do movimento hippie, passou-se a contestar os
valores morais. É certo que houve conquistas, no que se refere principalmente
as conquistas femininas, a liberdade e igualdade sexual, ao fim de muitos
comportamentos hipócritas, todavia, instituiu-se a figura do anti-herói e os
valores positivos também passaram a ser contestados e negados. Herói passou a
ser aquele que fosse mais esperto, que soubesse ludibriar os outros. No Brasil,
essa figura foi muito bem representada pela personagem Beto Rockfeller, o
anti-herói, aquele sujeito bonachão, malandro, de moral discutível e que
passava a perna em todo mundo. Esse passou a ser o herói brasileiro. E, para
tristeza nossa, o modelo se espalhou de tal forma que, atualmente, vivemos a
maior crise moral de todos os tempos. A corrupção é uma das suas formas.
A corrupção caminha nos corredores dos hospitais, mas ignora os gemidos
de dor.... Senta-se nos bancos quebrados das escolas, mas não chora a ausência
do conhecimento negado.... Prova o alimento parco da mesa rústica, mas ignora o
ronco do estômago mal alimentado.
Corrupção...O verme que se arrasta e se multiplica numa infinidade de
pecados.
Sim. Pecados de desamor, de negligência vergonhosa, de desumanidade
imensurável. Praga que se alastra e ceifa vidas, rouba sorrisos, encarcera
esperança, mais do que as guerras. Bomba silenciosa, manuseada nas mesas
ilustres do alto poder, contagiando o poder menor. Veneno que entorpece
os valores morais, humanos, religiosos...Veneno viciante, espalhado em doses
diversas, em taças luxuosas ou xícaras simples...
Corrupção... Um mal que cega e torna insensível o coração do homem.
Um mal que seda a consciência e torna natural matar aos poucos. Um mal
que blinda as portas da compaixão, da justiça, da bondade e do pudor.
A corrupção e um câncer social
com metástases graves. É preciso repensar e estarmos vigilantes com nossa
conduta moral e ética.
Será que nós, que reclamamos
tanto da corrupção também não somos corruptos?
É preciso pensar bem antes de
afirmarmos que sim.
Aquela inocente multa de trânsito
que foi evitada pagando-se ao guarda, a compra de um lugar na fila, a
concordância silenciosa com os desmandos das autoridades, a indiferença ante os
fatos apresentados à exaustão revelando atos errados, a simples e intolerável
briga entre irmãos sanada com uma boa mesada que a todos silencia, provam essa
teoria.
O Congresso Nacional é o espelho
do povo brasileiro. O corrupto de hoje já foi à criança de ontem embalada em
berço estranho...
Queremos que nosso filhos e netos
aprendam que roubar é errado, para tanto precisamos estar ao lado deles
mostrando que o que fazem os ladrões do patrimônio público terá
consequências...
Ao povo que paga com suor e
sacrifício seus impostos, e vê todos os dias seu dinheiro ganho honestamente
ser dividido com os ladrões de colarinho branco fica difícil essa explanação.
Lembremos que o Brasil somos nós, cidadãos. Enfim,
a conduta social e o nosso comportamento diante dos fatos é que farão um Brasil
mais justo e organizado. O povo precisa ser respeitado pelos seus governantes.
A situação atual é difícil, complicada, é todo um
trabalho de reformulação de valores necessário para não naufragarmos. Mas,
enquanto existir no mundo uma centelha de honestidade ainda haverá esperança e
é nela que deveremos nos apegar.
Que voltemos a buscar em nossos
heróis os que não olham para o próprio umbigo, mas para o bem de todos!
Texto a quatro mãos, pelas
princesas do Castelo Literário Maria Luíza Faria,Cristiane Vilarinho,Suely Sette Vólia Loureiro do Amaral Lima